Assistindo ao Globo Repórter, sexta-feira passada, que mostrou a vida da populaçao ribeirinha das reservas de Mamirauá e Amanã, na Floresta Amazônica tive a oportunidade de conhecer uma comunidade, que diferentemente da avassaladora maioria dos brasileiros, vive em plena harmonia com a natureza, respeitando as épocas de cheia e seca do rio, o ciclo de vida dos peixes e os demais animais selvagens que habitam o lugar.
Uma sintonia perfeita. Pontes improvisadas garantem a locomoção das pessoas nas épocas de cheia, as crianças vão para escola de canoa e mesmo com tanta água, a qualidade dela não é boa, mas orientados pela equipe da Reserva de Mamirauá calhas instaladas nas casas levam a água da chuva para um reservatório, o que garante água potável pelo ano todo. Mais sustentável impossível.
É claro que a vida deles não é fácil, ainda mais se comparada com a vida urbana que levamos, repleta de confortos e futilidades. O cotidiano dessas pessoas parece surreal para o modelo de vida que adotamos nas capitais. Eles têm privações que a grande maioria das pessoas nem sequer consegue imaginar e ainda assim vivem muito bem por lá.
E o que podemos concluir com tudo isso? Por mais que vivamos rodeados por facilidades, serviços terceirizados, comodidades, tudo ao alcance das mãos, ainda assim não estamos insentos de também viver alagados, mas diferentemente do povo de lá, aqui a cada chuva, tudo pára, ficamos ilhados, perdemos tudo o que temos e também o que não temos, ficamos incomunicáveis, sem eira, nem beira e as coisas podem, e devem, piorar ainda mais, bem mais.
Esse sistema inventado para o consumo, essa idéia ilusória de evolução é tão frágil, com uma, duas ou tantas tragédias naturais podemos ficar a mercê da sorte. Não adianta ser o seu celular de última geração, nem seu carro 0 km; governos ficarão inertes e cada um, certamente, vai libertar seus instintos de bicho numa busca alucinante pela sobrevivência, simplesmente pelo fato de não conseguirmos ser nada, sem o que chamamos de sociedade organizada.
Mas para onde essa organização está nos levando? Moramos em casas e prédios construídos em áreas de pântano, mangue, nas margens dos rios, encostas, orlas de praias, concretamos tudo o que nos está próximo e achamos que estaríamos livres do caos que obras irresponsáveis como essas irião gerar. Não respeitamos os ciclos da natureza e ficamos a esperar por um milagre, de que a natureza se modificaria porque somos nós os donos do mundo.
Mas a natureza não escolhe suas vítimas, caem árvores, morrem animais e o ser-humano é liquidado exatamente como qualquer outro verme do planeta. Ou mudamos ou morremos. Não há outra escolha! Já que nunca foi levado em conta o respeito e a consideração que deveríamos ter com toda a natureza e com todos os animais habitantes do planeta, agora precisamos mudar, simplesmente para sobreviver...
E enquanto construtores de todo o Brasil aumentam desenfreadamente suas riquezas, enquanto o governo libera licenças para termoelétricas, hidrelétricas, enquanto capitalistas selvagens exibem rótulos de empresas verdes, são pessoas que vivem da única forma sustentável, como essas populações ribeirinhas que terão que migrar, começar tudo de novo em outro lugar, para que mais uma hidrelétrica seja construída...para que eu, você e todo o resto do Brasil possamos assistir a mais televisão e ver de perto o mundo acabando para os outros, tomar mais banhos quentes e mais demorados,usar ainda mais o microondas, perder mais tempo no orkut acessando a internet, continuar assim...desse mesmo jeito insustentável!
5 comentários:
uma das coisas que assusta é justamente isso, saber que a natureza afeta a TODOS e mesmo assim não há providencias, nisso faço minhas as palavras de hugo chavez, se os problemas do aquecimento global fosse um banco, os grandes governos já o teriam salvo. Mas mesmo reuniões e lutas de todos os povos só o que conseguimos é -NADA-
Me assusta ver o mundo falar em PRIVATIZAÇÂO DA ÀGUA POTÀVEL, sim num futuro não muito distante beberemos água comprada a 3 ou 4 reais a garrafinha pra meia dúzia de safados enriquecerem
o problema é ver grupos não fazendo nada, PARTIDOS QUE SE DIZEM VERDE se preocupam mais em construir uma política de CHOQUE DE ORDEM no rio de janeiro, batendo em camelôs, tentando empurrar a pobreza da cidade para debaixo de um tapete numa espécie de limpeza, política que hitler aplicou na Alemanha só trocando pobres por judeus árabes e negros.
acompanha a gente também , www.linhasdefuga.com
Mariana,
Parabéns pelo Blog.
Um livro que li e gostei muito e sempre que vejo catástrofes como a causada pela chuva no Brasil ou a do terremoto no Haiti lembro desse livro.
"Saber Cuidar" fala do cuidado que temos que ter pela terra e por tudo que há nela.
Segundo ele, "Tudo o que existe e vive precisa ser cuidado para continuar a existir e a viver: Uma planta, um animal, uma criança, um idoso, o Planeta Terra."
Ele fala também de uma "justa medida" que a terra (natureza) sempre busca. Dá exemplo de como os dinossauros foram extintos, pois eles não respeitaram a terra, pois tudo comiam e queria ser a única raça na terra.
E por isso, a natureza, na busca dessa "justa medida" os eliminou.
E segundo ele, e também partilho esse pensamento, o homem seguirá o mesmo caminho se não respeitar a natureza.
Claro, que por pertencer a raça humana não queria que isso acontecesse, mas se olhar do ponto de vista da mãe natureza, sabe que até seria uma boa, pois fazemos muito mais mal a natureza que os dinossauros.
É tudo uma questão de tempo. Ou respeitamos a natureza ou ela nos devora.
ah, o livro é de autoria de Leonardo Boff!
Bertame, adorei seu comentário e o Linha de Fuga, certamente vou navegar muito por ele. Concordo plenamente com a questão da água e os partidos "verdes" e achei incrível a analogia com o Hitler. Espero ler mais comentários seus por aqui. Obrigada.
Sérgio, obrigada pelo elogio e a dica sobre o livro. Vou pesquisar mais sobre ele. São comentários como o seu que me dão ainda mais vontade de permanecer com o blog, para que além de escrever sobre o que eu sei, possa aprender também com quem lê.
Também odiaria ver meus filhos não poderem usufruir esse planeta riquissimo, num caminho harmonioso com a natureza.
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