"Vivo da floresta, protejo ela de todo o jeito, por isso vivo com a bala na cabeça a qualquer hora, porque vou para cima, eu denuncio. Quando vejo uma árvore em cima do caminhão indo para uma serraria me dá uma dor. É como o cortejo fúnebre levando o ente mais querido que você tem, porque isso é vida para mim que vivo na floresta e para vocês também que vivem nos centros urbanos."

Zé Claudio, assassinado em maio de 2011.



sábado, 12 de novembro de 2011

Meu pé de cuca




Algumas cidades, do litoral sul, ainda mantém seus exemplares de Cuca na areia da praia. Mais aconchegante impossível.
 

Nome científico: Terminalia Catappa, conhecida popularmente como amendoeira, amendoeira-da-praia, chapéu de sol, sete copas, amendoeira da Índia, guarda-sol, entre outros. Para mim, sempre foi pé de cuca. Lindas, altas, proporcionando sombra plena em dias de calor escaldante, além de abrigo para pássaros e morcegos frutíferos.
 


Não pertence a Mata Atlântica, é na verdade de origem asiática, mas suporta muito bem tanto a salinidade do solo quanto a do ar, além de ventos fortes e estiagem e exige ambientes quentes para prosperar. Por isso se adaptou tão bem em regiões litorâneas e por aqui era muito comum até pouco tempo atrás, quando a prefeitura iniciou seu plano de urbanização na orla da praia, construiu o calçadão e dizimou os exemplares dessa espécie, replantando coqueiros em seus lugares, que também não são exemplares da mata atlântica.



Passei boa parte da minha infância e adolescência embaixo dessas grandes árvores de copas largas, incríveis. Na esquina do prédio do meu avô, havia um lindíssimo exemplar, cujos condôminos resolveram assassinar alegando infestação de pernilongos...Santa ignorância! Os pernilongos certamente prosperaram, mas a bela árvore já não existe mais.



Também usávamos os frutos para rabiscar amarelinhas nas ruas da cidade...



Hoje esses pés de cuca são encontrados raramente em calçadas, já que os moradores consideram que suas largas folhas são um grave problema à cidade. A própria secretaria do meio ambiente, não indica o plantio desta espécie, por causa de suas raízes profundas.



As remanescentes estão escondidas em casas mais antigas, que diferentemente destas obras atuais, ainda mantém belos jardins, repletos de árvores, ou mesmo em terrenos, dominados por vegetação, que ainda não foram vendidos as gigantes construtoras locais que pretendem transformar qualquer pedacinho verde em sobrados padronizados ou gigantescos edifícios...

E nesse ritmo, uma a uma, as cucas dessa cidade vão se tornando apenas lembranças do meu passado...


Além da beleza e da sombra, tanto as folhas, quanto o fruto têm diversas propriedades medicinais. São adstringentes, antioxidantes, antiespasmódicas, antisépticas, antibióticas, vermífugas, etc.

Até sua madeira é considerada de boa qualidade e resistente a água.


O plantio deve ser feito através de suas sementes, colhidas de seus frutos maduros, após serem despolpadas, para germinarem mais rapidamente. Deve ser plantada em solos arenosos, aerados e enriquecidos com matéria orgânica.

Apesar de apoiar o plantio de espécies nativas da mata atlântica por aqui, o pé de cuca é extremamente adequado a este ambiente. Não deveríamos eliminar esta espécie de nossa cidade, mas sim garantir que as que restaram sobrevivam apesar do homem.


Um dos meus exemplares favoritos, que sobreviveu a "invasão" dos coqueiros e continua firme e forte na orla da praia.

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