"Vivo da floresta, protejo ela de todo o jeito, por isso vivo com a bala na cabeça a qualquer hora, porque vou para cima, eu denuncio. Quando vejo uma árvore em cima do caminhão indo para uma serraria me dá uma dor. É como o cortejo fúnebre levando o ente mais querido que você tem, porque isso é vida para mim que vivo na floresta e para vocês também que vivem nos centros urbanos."

Zé Claudio, assassinado em maio de 2011.



terça-feira, 28 de junho de 2011

O Código Florestal e a Violência no campo

O texto é do Bispo dominicano, teólogo e acessor da Comissão Pastoral da Terra  Dom Tomás Balduíno e foi publicado pela Revista Caros Amigos. O blog Observar e Absorver postou todo o artigo e tomei a liberdade de fazer o mesmo, na esperança de que textos como esse, de quem enxerga a vida real como de fato ela é, estejam cada vez mais disponíveis por toda a blogosfera, perpetuando assim a verdade. Porque já estamos fartos, muito fartos de todas as mentiras contadas pelo poder público, megaempresários e a grande e maior parte da mídia brasileira.

Por Dom Tomás Balduíno

No mês de maio deste ano, desabaram sobre a sociedade brasileira cenas de uma dupla violência: a aprovação do Código Florestal pela maioria da Câmara dos Deputados, tratando do desmatamento, e os assassinatos de líderes camponeses que se opunham ao desmatamento na Amazônia.

A ninguém escapa o protagonismo da bancada ruralista pressionando a votação deste Código por meio de mobilizações de pessoal contratado em Brasília e através de sessões apaixonadas na Câmara dos deputados. Por outro lado, as investigações dos assassinatos vão detectando poderosos ruralistas por trás destas e de outras mortes de camponeses.

O Código tem, de ponta a ponta, um objetivo maior inegável: ampliar o desmatamento em vista do aumento da produção. Um estudo técnico sobre as mudanças aprovadas em Brasília assinala que elas permitem o desmatamento imediato de 710 mil km², mais que o dobro do território do Estado de Goiás.

É impressionante a fúria com que este instrumento legal avança sobre as áreas de preservação dos mananciais destinadas a criar uma esponja à beira dos rios, defendendo-os das enxurradas e impedindo o seu assoreamento. A legislação anterior, embora tímida, exigia uma faixa de 30 metros de cada lado. A atual legislação a reduz para ridículos 10 metros.

A reserva legal, religiosamente mantida pelas pequenas e médias propriedades, é o que ainda hoje dá uma visível cobertura de vegetação nativa em nossos diversos biomas, em razão do grande número de médios e pequenos estabelecimentos. Isso também desaparece. Aliás, o Código não cuida da agricultura familiar que é responsável por cerca de 70% dos alimentos que chegam à mesa do brasileiro.

O Código se ajusta muito mais às áreas desmatadas a perder de vista e destinadas a gigantescas monoculturas. A grande expectativa com relação a esse Código é que se consolidasse a proposta já transformada em lei, de recuperação das áreas devastadas. Para nossa decepção, deixa-as como estão. Nós, do Centro Oeste, estávamos sonhando com a recuperação das áreas de preservação permanente do rio Araguaia, nosso Pantanal, sobretudo das suas nascentes, desmatadas em 44,5%. O sonho virou pesadelo. Com efeito, a nova Lei deixa tudo como está.

Até hoje, a grande queixa com relação aos desmatamentos no Cerrado e na Amazônia se prendia à falta de fiscalização. Entretanto, é justo reconhecer que muito esforço se fez buscando garantir a lei. Por exemplo, a varredura das áreas via satélite. Infelizmente, tornou-se uma prática nefasta na Amazônia os proprietários aguardarem dias nublados para procederem à queima das árvores. Ao se abrir o céu, o desmatamento já é fato consumado.

Em um dos Fóruns do Cerrado foram ouvidos depoimentos de camponeses denunciando outro tipo de crime: o desmatamento rápido à noite de importantes áreas de Cerrado com o uso de máquinas possantes, sem o risco de fiscalização.

Agora, com a flexibilização do novo Código, não há mais necessidade de fiscalização. Mais ainda, alguns proprietários, sabendo com antecedência das permissividades e anistias a serem introduzidas por este código nas áreas devastadas ilegalmente, partiram logo para a criação de fatos consumados derrubando a cobertura verde. O título do brilhante artigo de Washignton Novais em “O Popular”, de 02 de junho, na página 7, é o seguinte: “Código de florestas ou sem?”. A nova lei foi apelidada também de “Código da desertificação”.

País do latifúndio

O que estaria por trás de tanta devastação e de tanta lenha acumulada? É o seguinte: apesar da apregoada excelência dos avanços técnicos e econômicos do agronegócio brasileiro, os dados da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), referentes ao ano de 2009, em relação à produção por hectare, puseram a nu o fato, por exemplo, de que o Brasil está na sofrível 37ª posição na produção de arroz, atrás de países como El Salvador, Peru, Somália e Ruanda.

No milho, ocupamos a 64ª posição. No trigo, um vexame, na 72ª posição. Na soja, o badalado carro-chefe do agronegócio brasileiro um modesto 9º lugar, atrás do Egito, da Turquia e da Guatemala. Com relação ao boi, motivo de tanta soberba, de ostentação, de riqueza nas festas agro-pecuárias, ocupamos a humilde 48ª posição, atrás do Chile, do Uruguai e do Paraguai. (Confiram mais dados no substancioso artigo de Gerson Teixeira, Brasília, 19.05.11, “As Mudanças no Código Florestal: Alternativa para a ineficiência produtivista do agronegócio”).

A produção agropecuária sofre pelos altos gastos devido ao viciado uso do fertilizante e do agrotóxico. Os dados da FAO atestam que, a partir de 2007, nos transformamos no principal país importador de agrotóxico do mundo. Como essa tecnologia, em geral, tem se revelado ainda ineficaz na sonhada superprodução, pensou-se logo na liberação de áreas cada vez maiores de terras destinadas à produção. Se não vencemos em tecnologia, somos imbatíveis no latifúndio. E, para a tranqüilidade deste avanço predatório sobre o que resta de cobertura verde, buscou-se um instrumento garantido: justamente esse tal Código Florestal.

Apesar da complexidade deste tema, de pesadas conseqüências para o futuro da nossa terra, da nossa biodiversidade, dos recursos hídricos, da vida sustentável do solo, causou muita estranheza o fato destes legisladores não terem convidado em momento algum a nossa SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) a ABC, (Academia Brasileira de Ciências) o FBM (Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas) para os debates. Pois bem, aí está o desastroso resultado: saiu um código elaborado por ruralistas a serviço de seus colegas ruralistas. Restou-nos, como disse Paulo Afonso Lemos, “um código que não é claro, não é preciso, não é seguro”.

Mortes no campo

Em dezembro de 1988 caiu Chico Mendes, tal como uma pujante seringueira cortada pela raiz. No início de 2005, caiu a irmã Dorothy Stang, atirada pelas costas com a sua Bíblia na mão, sua pomba mensageira da Paz. Na manhã do dia 24 de maio deste ano, derrubaram o casal Maria do Espírito Santo da Silva e José Cláudio Ribeiro da Silva, cuja orelha foi cortada pelos pistoleiros como prova do serviço feito. Logo em seguida, foi assassinado Eremilton Pereira, na mesma área. Supõe-se que tenha sido queima de arquivo por estar presente na hora do primeiro crime. Foi morto também Adelino Ramos, em Rondônia, um sobrevivente de Corumbiara.

Há uma lógica perversa por trás destas e de outras mortes, desde a morte de Zumbi dos Palmares e de Antônio Conselheiro de Canudos, até a morte de José Cláudio da Silva, de Nova Ipixuna. Esta lógica consiste na eliminação seletiva de lideranças vistas como obstáculo aos grandes projetos do agronegócio. A senadora Kátia Abreu, arvorando-se em advogada dos criminosos, declarou no mesmo dia 24 que estas mortes se devem à invasão de terras. A senadora ou é desinformada ou foi leviana na sua fala. Ao contrário, eles são legítimos assentados do Incra. Mais ainda, são dois heróicos pioneiros da criação da reserva extrativista do Assentamento Praia Alta Piranheira, em 1997.

Fazendo coro conivente com a parlamentar ruralista, alguns deputados vaiaram o deputado José Sarney Filho quando este leu no plenário da Câmara a chocante notícia das mortes destes camponeses. A nota da Comissão da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) para o serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, faz justiça aos assassinados, fornecendo-nos uma preciosidade, a saber, a declaração de José Cláudio, em um plenário de 400 pessoas reunidas para estudarem a qualidade de vida do planeta:

“Vivo da floresta, protejo ela de todo jeito, por isso vivo com a bala na cabeça a qualquer hora porque vou pra cima, eu denuncio. Quando vejo uma árvore em cima do caminhão indo pra serraria me dá uma dor. É como o cortejo fúnebre levando o ente mais querido que você tem, porque isso é vida pra mim que vivo na floresta e pra vocês também que vivem nos centros urbanos”.

Em média, por ano, 2.709 famílias são expulsas de suas terras pelo poder privado e 63 pessoas são assassinadas no campo brasileiro na luta por um pedaço de terra! 13.815 famílias são despejadas pelo Poder Judiciário e pelo Poder Executivo por meio de suas polícias! 422 pessoas são presas por lutar pela terra! 765 conflitos acontecem diretamente relacionados à luta pela terra! 92.290 famílias são envolvidas em conflitos por terra!

Carlos Walter Porto Gonçalves, professor do programa de pós-graduação da Universidade Federal Fluminense (UFF), ao analisar anualmente os Cadernos de Conflitos no Campo da CPT, introduziu a preocupação com a geografia dos conflitos. Comparando e ponderando o número de conflitos com o número de habitantes na zona rural de cada estado, trouxe à tona a importante constatação de que o aumento da violência acontece em função do desenvolvimento do agronegócio.

A violência não acontece, pois, só nas áreas do atraso, acontece, sobretudo, nos centros mais progressistas do país. “A violência”, diz ele, “é mais intensa nos estados onde a dinâmica sociogeográfica está fortemente marcada pela influência da expansão dos modernos latifúndios (autodenominados agronegócio). É no Centro oeste e no Norte que as últimas fronteiras agrícolas são conquistadas às custas do sofrimento e do sangue dos trabalhadores e dos que os apóiam” ( Caderno da CPT, 2005, pág. 185).

Diz ele: “O agronegócio necessita permanentemente incorporar novas terras e para isso lança mão de todos os mecanismos de que dispõe: os de mercado, os políticos e a violência”. A violência é parte essencial da história dos pobres da terra: índios, negros, camponeses. Ela, por sua vez, é alimentada pela impunidade, fenômeno sócio-político conscientemente assimilado pela nossa instituição judiciária.

A CPT (Comissão Pastoral da Terra) tem a famosa tabela dos assassinatos e julgamentos de 1985 a 2011:

Assassinatos: 1580.
Casos julgados: 91
Executores condenados: 73
Executores absolvidos: 51
Mandantes absolvidos: 7
Mandantes condenados: 21
Mandantes hoje presos: 1

Conclusão: de 1580 assassinados, só um mandante condenado se encontra na prisão! Essa é a medida da impunidade!

Encerrando esta análise da dupla violência do agronegócio, consubstanciada na violência contra a terra e na violência contra a pessoa humana, não posso deixar de destacar a contrapartida deste modelo, a saber, a nova busca do “cuidado” como lição que nos é dada pelos povos tradicionais. As comunidades indígenas vivem isto como algo que está profundamente entranhado na alma, leva-as a se entrosarem harmoniosamente com a Mãe Terra, a se entrosarem pessoas com pessoas, com a memória dos antepassados e com o próprio Deus.

A Terra, como se diz, está doente e ameaçada. Hoje, felizmente, vai se desenvolvendo a cultura ecológica que consiste no cuidado não só com o ser humano, mas com o planeta inteiro. O planeta não cuidado, como ensina Leonardo Boff, pode entrar num processo de enfermidade, diminuir a biosfera com conseqüências de que milhares vão desaparecer, não excluída a própria espécie humana.

Uma outra luz nos vem destes povos e de suas culturas. É o “bem viver”. É uma vida voltada para os valores humanos e espirituais e não presa às coisas, às riquezas, ao consumismo.

Na minha juventude, tive a chance de conviver com um grupo indígena, bem primitivo, no coração da Amazônia. Fiquei encantado ao descobrir, entre outras jóias, que, na língua deles, não existe o verbo TER. Um povo que vive feliz e que, no entanto, não acumula. Gente que faz do necessário o suficiente. A melhor prova desta felicidade está na constatação da alegria espontânea das crianças. Elas são o melhor espelho do povo.



segunda-feira, 27 de junho de 2011

Lixeiras Ecológicas em São Vicente

Quanto mais simples uma idéia, maior chance de ser aplicada e assim gerar resultados.

Uma parceria entre a Companhia de Desenvolvimento de São Vicente (Codesavi) e a Secretaria de Educação (SEDUC) lançou, agora em junho, o Projeto Lixeiras Ecológicas.



A partir de agora 80% dos pneus recolhidos pela Coleta Seletiva, realizada pela prefeitura, será reaproveitado para a confecção das  lixeiras ecológicas.

O idealizador, Luiz Humberto, assistente técnico da Codesavi,  é o responsável pela produção que exige apenas 4 pneus do mesmo tamanho. A prefeitura resolve a situação de um determinado tipo de resíduo sólido e ainda lucra.

O custo da compra de apenas uma lixeira grande saia por R$120,00 para a prefeitura, que agora terá um gasto de apenas R$10,00 por unidade.

Na semana do meio ambiente, crianças do ensino fundamental de uma escola  municipal,  ajudaram a decorar as lixeiras.


O objetivo é distribuir as novas lixeiras ecológicas em todas as escolas municipais e chegar até a orla da praia.

Assim esperamos.

Está na hora das cidades repensarem seus modelos estéticos e pararem com essa obsessão por plástico e concreto novo.

Esperamos também, que estes R$110,00 a mais que a prefeitura vai economizar, sejam revertidos para a população.

E que mais funcinários públicos como o sr. Luiz Humberto, tenham suas idéias ouvidas e executadas.





quarta-feira, 22 de junho de 2011

O que é consumo consciente para você?

Pois bem...muito antes de eu entender de fato o termo sustentabilidade, muito da minha prática cotidiana já remetia ao conceito, sem que eu desse nome aos bois. Mas a verdade é que depois que realmente adentrei na blogosfera – e sigo blogs de todos os gêneros – comecei a perceber que minhas atitudes pessoais não eram isoladas e que muita, mas muita gente, tanto quanto eu, se preocupa com o futuro do planeta e de seus filhos e tenta se virar nos 30 para minimizar seus impactos.

Porque sejamos francos, urbanóides como somos, deixamos pegadas violentas neste planeta, mesmo quando tentamos suavizá-las de todas as formas possíveis.

Mas o que viria a ser o “consumo consciente”? Eu acredito que o termo deve ultrapassar os quesitos ambientais, se estender a política social, ao tratamento que a empresa dá aos seus funcionários e a forma como age e reage com o ambiente, seja ele natural ou artificial.

Como a chave do sucesso da economia está nas nossas mãos frenéticos consumidores, fica bem fácil concluir, que a maior responsabilidade é nossa. É através de nossas escolhas que determinamos a força – positiva ou negativa – que uma empresa/indústria terá tanto no nosso presente como no nosso futuro.

E como ser sustentável virou moda, o rótulo passou a ser mais frequente do que as atitudes que realmente indicam sua aplicação. A velha história do falar e não fazer. Bem intencionados distraídos, caem nas armadilhas verdes de um sistema negro muitas vezes. E desta forma distorcemos todo o contexto do consumo consciente.

Eu poderia listar, pelo menos, uma dúzia de empresas nacionais ou gringas, que geram muitos empregos e ganham muitos milhões, cujos produtos além de supérfluos, podem e normalmente prejudicam nossa saúde. Como se somente isso já não bastasse, são fruto de desmatamento, extração ilegal de água, geram resíduos indestrutíveis e minam qualquer tentativa de sustentabilizar nossa economia. Mas não vou falar dos gigantes escravocratas. Vou falar de mim e de você e do que podemos fazer para mudar nossos hábitos, tornando não só nosso consumo mais consciente, como também o nosso cotidiano.

Nosso sistema é regido pelo consumo, nosso valor social, normalmente também é determinado por ele – nesse vídeo do you tube está tudo muito bem explicadinho, dedique 20 minutos do seu tempo para assisti-lo e encontrará muitas respostas, que o governo e as escolas não costumam dar.

Sendo o consumo a base estrutural desse nosso sistema, podemos observar que nada evoluiu, progrediu ou se adaptou tão bem, quanto o marketing, a publicidade e as inúmeras formas e facilidades para se comprar.

Toda a tecnologia, tão sonhada pela humanidade, passou a ser descartável. Até a geladeira, que antes era um bem durável, que funcionava bem por toda uma vida, hoje é trocada como se fosse uma lâmpada.

E tudo que compramos ainda vem embalado por uma série de plásticos de todos os tipos e normalmente com a maior porcaria derivada do petróleo , o isopor. Compramos muito, descartamos rápido e ainda por cima, metade do que vem na embalagem vai para o lixo quase que automaticamente.

E queremos chegar aonde com esse consumo? Ouvi uma vez que o ser-humano necessita realmente de apenas 5 coisinhas beeeem simples: abrigo, alimento, água, vestuário e ar. Fato. E o que fizemos com estas necessidades básicas?

O sistema inventou que as casas devem mudar sua arquitetura a cada 5 anos, seu alimento pode e deve ser industrializado, tóxico e cancerígeno , água boa é engarrafada – mesmo que você nem imagine de onde ela vem e como chegou na sua mão – e as roupas determinam quem você é, o que você tem e qual o seu valor. Também mudam a cada estação e padronizam as pessoas, uniformizando-as com a moda. Comprometemos até o nosso ar, com essa obsessão por consumir. Intoxicando todo o planeta com muito CO2, com o fruto do nosso consumo

O fato é que não é nem um pouco fácil se “desalgemar” desse sistema. Porque se precisamos consumir, para manter a economia e portanto nossos empregos, deveríamos tanger limites. A tal diferença entre consumo e consumismo.

O consumismo é exatamente a vertente descabida, exagerada e inútil. É o comprar por comprar, sem precisar. Aliás hoje há até quem padeça dessa enfermidade. E quantas são as enfermidades oriundas desse sistema?

Alternativas. Nós as temos? Siiiiiiim!

Rumar para uma alimentação saudável deveria ser obrigação de todos nós. E não é fácil eu sei. Não basta acordar um dia e falar: “Nunca mais pisarei num fast food e a partir de hoje só como comida orgânica”. A evolução é lenta e os passos são curtos, começamos a mudar, simplesmente quando começamos. Não quero apontar meus dedos na cara de ninguém com esta postagem. Apenas mostrar opções.

Nesta postagem do ano passado, aqui mesmo no blog, listei algumas medidas simples para diminuirmos o consumismo no nosso cotidiano.

Por fim...para começarmos a atrelar consciência ao consumo, devemos enxergar além do que nos mostram as prateleiras, se enquanto consumidores não puxarmos para nós a responsabilidade e o dever de investigar, continuaremos marionetes alienadas, fingindo não saber o que está por trás de tanta futilidade e conforto. Eles estão errados. Nós não precisamos ser cúmplices.


E vocês? O que pensam a respeito e principalmente, o que fazem sobre o assunto?

sábado, 11 de junho de 2011

É proibido tirar a venda



Há tempos esse blog alterna o verde da vida que defendo pelas cores cinzas da política torta mundial aliadas ao negro que cobre e encobre gigantes do setor privado, que unidos tingem com sangue grande parte do planeta.

Comecemos com o batidinho comercial da Coca-Cola, este que vem passando no horário nobre, que parece benevolente, que te oferece esperança: os bons são maioria! Sim! São maioria. Os mesmos bondosos já citados na brilhante frase de Martin Luther King - nossa geração não lamenta tanto os crimes dos perversos, quanto o estarrecedor silêncio dos bondosos - Sim! Este tipo de bondoso, realmente é maioria.

O que a Coca-Cola omitiu no "informativo" é que enquanto os bons são a maioria, quem realmente manda e desmanda neste planeta é a minoria malvada.

De que vale a minha e a sua bondade se nossas vidas estão nas mãos dos maldosos. Se são eles, mesmo que em minoria, que ditam as regras e determinam nosso futuro. O futuro da maioria bondosa.

Enquanto isso congressos no mundo todo, recheados com canalhas, corruptos, alienados e dementes de toda ordem, cujo poder do voto, que decide o nosso futuro: o da maioria bondosa, é utilizado para priorizar interesses da minoria malvada.

Ainda assim...podemos ficar tranquilos, porque um artigo americano, que alerta turistas sobre os perigos brasileiros já está circulando...

Este é o primeiro passo. Os americanos, bondosos como são - já que a maioria é bondosa - também vão querer nos salvar! Como já fizeram tantas vezes com os povos do Vietnã, Iraque, Afeganistão e tantos outros...como fizeram, quando eliminaram o Bin Laden, que era malvado, um dos poucos, porque afinal a maioria é bondosa.

Enfim...não temos o que temer. Eles virão nos salvar! Devemos apenas ter um certo cuidado, porque em qualquer guerra morrem mais inocentes. Morrem os bons, para que os maus continuem fazendo guerra.


Nota: no infeliz comercial da Coca-Cola, foi dito que 98% das latinhas de alumínio no Brasil são recicladas. A informação é verdadeira. Falsa é a idéia de querer associar este dado a bondade. Porque este número nada tem a ver com educação e consciência ambiental, mas sim com um descaso secular com quem vive as margens da sociedade de consumo. Quem recicla 98% das latinhas desse país, são homens e mulheres completamente excluídos e abandonados, em estado de miséria, que sem nenhuma outra opção, recolhem este tipo de resíduo que é o mais lucrativo entre todos os materias recicláveis. E mais uma vez fica provado, que não há bondade nenhuma nesse sistema capitalista.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Um "saco" é o ser-humano...


Há tempos estou para fazer esta postagem, mas acabo privilegiando outros temas e este assunto vai ficando para trás, enquanto as prefeituras, uma a uma, vão proibindo o uso de sacolas plásticas por todo o país.

No meu caso, uso ecobags há bastante tempo. Ecobags herdadas, ecobags adaptadas, qualquer sacola grande reforçada de pano me serve e muito bem. Não só pelo meio ambiente, mas pela facilidade. Normalmente vou ao mercado de bicicleta e é muito mais fácil acomodar as compras numa única sacola resistente do que enfiar saquinho dentro de saquinho e sair na bike bancando a equilibrista. E mesmo sendo essa a minha prática, não faltam sacolinhas plásticas em casa, por vários outros motivos.

E por aqui elas nunca foram problemas ambientais, nunca mataram animais, nunca foram parar aonde não deveriam. Por quê? Simplesmente porque ninguém da minha família tem o hábito nefasto de lançar sacolinhas plásticas ao vento, ao léu, pro mundo.

As sacolas são um problema ambiental simplemente porque são manejadas pelo homem. E como a maior parte de nossa espécie é irresponsável o bastante para não se importar com o lixo que produz e atira pela janela do carro, devo concluir que o saco no caso é o ser-humano.


Se proibir a distribuição das sacolas plásticas salvasse os oceanos e os animais de todo o planeta, eu seria a primeira a apoiar a idéia. Mas as sacolas, mesmo depois de proibidas, continuarão a ser um problema ambiental, assim como todo o restante do lixo produzido, que vai continuar abarrotando lixões e aterros, além claro, de bueiros, praças, terrenos, praias e florestas. E este lixo vai continuar matando e poluindo.

E o que vem depois? Vamos eleger qualquer outro resíduo sólido e rotulá-lo como vilão e nos eximir mais uma vez da culpa, única e exclusivamente, humana?

Talvez exista certa boa intenção das prefeituras, quando aprovam leis como esta. Mas ninguém tira da minha cabeça que isso é apenas mais uma estratégia daquelas de marketing verde bem vagabundo, mas que não mudam nada, só para variar. Antes de aprovar leis como estas, as prefeituras e governos de todo o país deveriam apoiar de fato cooperativas e catadores, tratar de educar de fato nossas crianças e jovens, amontoados em escolas miseráveis e inadequadas, exigir da indústria comprometimento com embalagens menos devastadoras para o meio ambiente e conscientizar a população de que os problemas ambientais não são das "coisas" e sim por culpa das pessoas.

Quando não houver mais nenhuma sacola de plástico para contar história, quero ver as famílias que se mantém com o ridículo salário mínimo, serem obrigadas a comprar sacos plásticos para colocar seu lixo...Certamente, o preço destes sacos deverá subir e muito, já que serão a única saída, ou será ainda, que mais lixo, de todo o tipo, será lançado em qualquer lugar pela falta da maldita sacolinha plástica...???

Só o futuro dirá...
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