"Vivo da floresta, protejo ela de todo o jeito, por isso vivo com a bala na cabeça a qualquer hora, porque vou para cima, eu denuncio. Quando vejo uma árvore em cima do caminhão indo para uma serraria me dá uma dor. É como o cortejo fúnebre levando o ente mais querido que você tem, porque isso é vida para mim que vivo na floresta e para vocês também que vivem nos centros urbanos."

Zé Claudio, assassinado em maio de 2011.



quarta-feira, 22 de junho de 2011

O que é consumo consciente para você?

Pois bem...muito antes de eu entender de fato o termo sustentabilidade, muito da minha prática cotidiana já remetia ao conceito, sem que eu desse nome aos bois. Mas a verdade é que depois que realmente adentrei na blogosfera – e sigo blogs de todos os gêneros – comecei a perceber que minhas atitudes pessoais não eram isoladas e que muita, mas muita gente, tanto quanto eu, se preocupa com o futuro do planeta e de seus filhos e tenta se virar nos 30 para minimizar seus impactos.

Porque sejamos francos, urbanóides como somos, deixamos pegadas violentas neste planeta, mesmo quando tentamos suavizá-las de todas as formas possíveis.

Mas o que viria a ser o “consumo consciente”? Eu acredito que o termo deve ultrapassar os quesitos ambientais, se estender a política social, ao tratamento que a empresa dá aos seus funcionários e a forma como age e reage com o ambiente, seja ele natural ou artificial.

Como a chave do sucesso da economia está nas nossas mãos frenéticos consumidores, fica bem fácil concluir, que a maior responsabilidade é nossa. É através de nossas escolhas que determinamos a força – positiva ou negativa – que uma empresa/indústria terá tanto no nosso presente como no nosso futuro.

E como ser sustentável virou moda, o rótulo passou a ser mais frequente do que as atitudes que realmente indicam sua aplicação. A velha história do falar e não fazer. Bem intencionados distraídos, caem nas armadilhas verdes de um sistema negro muitas vezes. E desta forma distorcemos todo o contexto do consumo consciente.

Eu poderia listar, pelo menos, uma dúzia de empresas nacionais ou gringas, que geram muitos empregos e ganham muitos milhões, cujos produtos além de supérfluos, podem e normalmente prejudicam nossa saúde. Como se somente isso já não bastasse, são fruto de desmatamento, extração ilegal de água, geram resíduos indestrutíveis e minam qualquer tentativa de sustentabilizar nossa economia. Mas não vou falar dos gigantes escravocratas. Vou falar de mim e de você e do que podemos fazer para mudar nossos hábitos, tornando não só nosso consumo mais consciente, como também o nosso cotidiano.

Nosso sistema é regido pelo consumo, nosso valor social, normalmente também é determinado por ele – nesse vídeo do you tube está tudo muito bem explicadinho, dedique 20 minutos do seu tempo para assisti-lo e encontrará muitas respostas, que o governo e as escolas não costumam dar.

Sendo o consumo a base estrutural desse nosso sistema, podemos observar que nada evoluiu, progrediu ou se adaptou tão bem, quanto o marketing, a publicidade e as inúmeras formas e facilidades para se comprar.

Toda a tecnologia, tão sonhada pela humanidade, passou a ser descartável. Até a geladeira, que antes era um bem durável, que funcionava bem por toda uma vida, hoje é trocada como se fosse uma lâmpada.

E tudo que compramos ainda vem embalado por uma série de plásticos de todos os tipos e normalmente com a maior porcaria derivada do petróleo , o isopor. Compramos muito, descartamos rápido e ainda por cima, metade do que vem na embalagem vai para o lixo quase que automaticamente.

E queremos chegar aonde com esse consumo? Ouvi uma vez que o ser-humano necessita realmente de apenas 5 coisinhas beeeem simples: abrigo, alimento, água, vestuário e ar. Fato. E o que fizemos com estas necessidades básicas?

O sistema inventou que as casas devem mudar sua arquitetura a cada 5 anos, seu alimento pode e deve ser industrializado, tóxico e cancerígeno , água boa é engarrafada – mesmo que você nem imagine de onde ela vem e como chegou na sua mão – e as roupas determinam quem você é, o que você tem e qual o seu valor. Também mudam a cada estação e padronizam as pessoas, uniformizando-as com a moda. Comprometemos até o nosso ar, com essa obsessão por consumir. Intoxicando todo o planeta com muito CO2, com o fruto do nosso consumo

O fato é que não é nem um pouco fácil se “desalgemar” desse sistema. Porque se precisamos consumir, para manter a economia e portanto nossos empregos, deveríamos tanger limites. A tal diferença entre consumo e consumismo.

O consumismo é exatamente a vertente descabida, exagerada e inútil. É o comprar por comprar, sem precisar. Aliás hoje há até quem padeça dessa enfermidade. E quantas são as enfermidades oriundas desse sistema?

Alternativas. Nós as temos? Siiiiiiim!

Rumar para uma alimentação saudável deveria ser obrigação de todos nós. E não é fácil eu sei. Não basta acordar um dia e falar: “Nunca mais pisarei num fast food e a partir de hoje só como comida orgânica”. A evolução é lenta e os passos são curtos, começamos a mudar, simplesmente quando começamos. Não quero apontar meus dedos na cara de ninguém com esta postagem. Apenas mostrar opções.

Nesta postagem do ano passado, aqui mesmo no blog, listei algumas medidas simples para diminuirmos o consumismo no nosso cotidiano.

Por fim...para começarmos a atrelar consciência ao consumo, devemos enxergar além do que nos mostram as prateleiras, se enquanto consumidores não puxarmos para nós a responsabilidade e o dever de investigar, continuaremos marionetes alienadas, fingindo não saber o que está por trás de tanta futilidade e conforto. Eles estão errados. Nós não precisamos ser cúmplices.


E vocês? O que pensam a respeito e principalmente, o que fazem sobre o assunto?

2 comentários:

JAFA disse...

Sabe Mari... Esse assunto é um dos meus maiores tormentos. Eu sou bastante cuidadosa com a alimentação, com o lixo e com reciclagem, reutilização e afins, pesquiso se os produtos que consumo são ou não cruelty free e se não o são, deixo de consumir, mas noto diariamente as pechas da minha conduta. Compro por impulso coisas que não preciso e me flagro escravisada por padrões sociais frequentemente. Estou tentando sair dessa roda e sei que vou conseguir, mas confesso que para tanto tenho que encontrar outros valores que me supram e nem sempre minha força chega a tanto. Não desisto. Caio, levanto e continuo... um dia não cairei mais...

Carolina Daemon Oliveira Pereira disse...

Muito bom, Mariana, vc colocou os pingos nos "i´s"
bjs

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