"Vivo da floresta, protejo ela de todo o jeito, por isso vivo com a bala na cabeça a qualquer hora, porque vou para cima, eu denuncio. Quando vejo uma árvore em cima do caminhão indo para uma serraria me dá uma dor. É como o cortejo fúnebre levando o ente mais querido que você tem, porque isso é vida para mim que vivo na floresta e para vocês também que vivem nos centros urbanos."

Zé Claudio, assassinado em maio de 2011.



quinta-feira, 9 de junho de 2011

Um "saco" é o ser-humano...


Há tempos estou para fazer esta postagem, mas acabo privilegiando outros temas e este assunto vai ficando para trás, enquanto as prefeituras, uma a uma, vão proibindo o uso de sacolas plásticas por todo o país.

No meu caso, uso ecobags há bastante tempo. Ecobags herdadas, ecobags adaptadas, qualquer sacola grande reforçada de pano me serve e muito bem. Não só pelo meio ambiente, mas pela facilidade. Normalmente vou ao mercado de bicicleta e é muito mais fácil acomodar as compras numa única sacola resistente do que enfiar saquinho dentro de saquinho e sair na bike bancando a equilibrista. E mesmo sendo essa a minha prática, não faltam sacolinhas plásticas em casa, por vários outros motivos.

E por aqui elas nunca foram problemas ambientais, nunca mataram animais, nunca foram parar aonde não deveriam. Por quê? Simplesmente porque ninguém da minha família tem o hábito nefasto de lançar sacolinhas plásticas ao vento, ao léu, pro mundo.

As sacolas são um problema ambiental simplemente porque são manejadas pelo homem. E como a maior parte de nossa espécie é irresponsável o bastante para não se importar com o lixo que produz e atira pela janela do carro, devo concluir que o saco no caso é o ser-humano.


Se proibir a distribuição das sacolas plásticas salvasse os oceanos e os animais de todo o planeta, eu seria a primeira a apoiar a idéia. Mas as sacolas, mesmo depois de proibidas, continuarão a ser um problema ambiental, assim como todo o restante do lixo produzido, que vai continuar abarrotando lixões e aterros, além claro, de bueiros, praças, terrenos, praias e florestas. E este lixo vai continuar matando e poluindo.

E o que vem depois? Vamos eleger qualquer outro resíduo sólido e rotulá-lo como vilão e nos eximir mais uma vez da culpa, única e exclusivamente, humana?

Talvez exista certa boa intenção das prefeituras, quando aprovam leis como esta. Mas ninguém tira da minha cabeça que isso é apenas mais uma estratégia daquelas de marketing verde bem vagabundo, mas que não mudam nada, só para variar. Antes de aprovar leis como estas, as prefeituras e governos de todo o país deveriam apoiar de fato cooperativas e catadores, tratar de educar de fato nossas crianças e jovens, amontoados em escolas miseráveis e inadequadas, exigir da indústria comprometimento com embalagens menos devastadoras para o meio ambiente e conscientizar a população de que os problemas ambientais não são das "coisas" e sim por culpa das pessoas.

Quando não houver mais nenhuma sacola de plástico para contar história, quero ver as famílias que se mantém com o ridículo salário mínimo, serem obrigadas a comprar sacos plásticos para colocar seu lixo...Certamente, o preço destes sacos deverá subir e muito, já que serão a única saída, ou será ainda, que mais lixo, de todo o tipo, será lançado em qualquer lugar pela falta da maldita sacolinha plástica...???

Só o futuro dirá...

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