Sim! Eu sei, estou atrasada! O Dia Mundial Sem Compras - 27/11 - , foi na semana passada e eu não consegui fazer a postagem no dia certo. Mas como o Natal já está ai...me sinto a vontade para falar sobre o tema.
O Tulio Malaspina, do Blog Atitude Eco, sugeriu que fizessemos uma blogagem coletiva sobre a campanha, cada qual com um texto condizente ao perfil do blog.
Acredito que muitos de vocês caríssimos leitores já viram as postagens de outros blogs, que diferentemente de mim, postaram na ocasião apropriada.
Por aqui, durante a semana passada, a postagem com o vídeo "A história das coisas" foi propositalmente publicada no dia 26, até o texto "A culpa é dos golfinhos" acaba flutuando pelo tema..."Somos praga no planeta?", fechou com chave de ouro todo o conceito. Tudo está ligado ao consumo! E principalmente ao sistema voraz que utilizamos para produzir descartáveis num nível colossal.
O que deveria determinar utilidade, praticidade e tecnologia se transforma numa cadeia produtiva, que leva quase o mesmo tempo para fabricar, quanto para tornar obsoleto.
O boom das famosas lojas de 1,99...que oferecem de tudo, objetos variados, que quase instantaneamente viram lixo e vendem como água. As multinacionais que produzem alimentos industrializados as custas da degradação ambiental de paises subdesenvolvidos, que vendem matéria-prima a preço de banana.
O trabalho escravo, semi-escravo ou quase isso...
A inconsequente forma devastadora de retirar do planeta mais do que ele pode nos oferecer.
Sabe...eu consigo entender a visão dos homens de negócio, no topo da cadeia, que visam apenas dinheiro, dinheiro, dinheiro...estão já com vários anos nas costas...logo seu dinheiro não vai mais lhe valher nada, mas acreditam que o patrimônio "conquistado" salvará seus filhos das consequências do mal, que ajudaram a construir. Estão vivos agora, querem muito dinheiro agora. Não importa para eles o que vai acontecer com você ou com seus filhos, que ainda não ganharam seus milhões.
E que não vão ganhar, claro! Porque o plano deles não é dividir suas fortunas com os zés e marias ninguém deste planeta. O plano é continuar centralizando o dinheiro nas mesmas mãos, gafanhotas (sim, eu adoro este termo), nem um pouco afim de iniciar negócios sustentáveis, porque estes não se encaixam a forma como eles tratam o planeta. Se tudo mudar...eles não manterão suas fortunas. E o que importa é o dinheiro no banco, as costas quentes e o mundo girando ao redor deles.
E para que o plano deles dê certo...o governo garante uma escola muito inferior ao que poderíamos chamar de medíocre, hospitais miseráveis, insuficientes, desorganizados e corrompidos. Não liberta quem no campo é oprimido, não garante que na metrópole as chances sejam oferecidas igualmente.
E assim continuamos gerando empregos, no comércio, que exige muito e remunera pouco. Os comércios, atravessadores, que pagam de quem fabrica, para vender mais caro. O mínimo esforço é o que rege a nossa economia.
A campanha certamente quer mais que um dia sem consumo. Até porque, devemos ser práticos e não hipócritas. As campanhas visam a conscientização e através de um dia simbólico reforçam o que deve ser um hábito. Apagar as luzes no dia da "Hora do Planeta", mas desperdiçar energia todos os outros dias, ou não comprar nem uma bala no dia 27 de novembro, mas ser movido por impulsos consumistas no resto do ano são atos sem eficiência e coesão.
Então vamos pensar sobre o assunto.
Você trabalha de sol a sol, ganha seu dinheirinho suado, chega neste blog, lê todos os meus devaneios e pensa: Mas trabalho para garantir meu conforto, uma vida estável e tranquila.
Sim...eu apóio o trabalho honesto e não quero interfirir na forma como você pretende gastar a tua grana...
Mas vamos com calma! Devemos começar, e já passou da hora, na verdade, a repensar nossas prioridades: o que precisamos e o que é inútil, o que garante o conforto e o que extrapola o bom-senso.
Há uma linda frase que pode sintetizar todas as minhas palavras:
"Aquele que sabe o que é suficiente, terá sempre o suficiente."
Lao Tzé
E o suficiente não é ter menos do que você merece, mas sim saber viver com o que você precisa. Exceções existem e todos tem o direito de fazer uma loucura, passar dos limites. O que não pode acontecer é a exceção virar regra.
Você sabe o que é suficiente para você? Você sabe a linha tênue que separa você de um consumidor consciente para uma marionete do mercado?
Há alguns dias minha flha lançou uma frase de deixar qualquer mãe ecochata orgulhosa:
"Os brinquedos que a gente vê nos comerciais não são iguais aos que vêm nas caixas que a gente compra. Eles mentem!"
Contive meu discurso anticapitalista completamente inapropriado para uma criança, mas tive que concordar: "Sim, eles mentem e mentem muito...a gente é que não pode acreditar!"
Apesar da pouca idade e alheia ao nosso sistema de consumo, minha filha teve a clareza de perceber o que nós ignoramos, seguindo reféns do mercado, em nome da econômia.
Pagando caro por serviços medíocres como internet e telefone.
Consentindo a mentira da embalagem que não faz juz ao que vem dentro.
Baseados na moda para vestir, na moda para usar, na moda para mobiliar...na moda!
E quanta porcaria existe na moda. E como são feias as roupas da moda. E como elas privilegiam moças que apenas aparecem em comerciais de cerveja, mas que na vida real você nunca verá com um copo na mão.
Se você já sabe o que é suficiente para você...esta postagem será um tanto quanto desnecessária. Mas se você ainda é guiado pelo o que os outros estão usando, consumindo, vestindo, falando...tá na hora de reaprender a viver.
Se você não consegue controlar seu cartão de crédito, se passear no shopping é a sua maior satisfação. Se você não sabe a origem da sua comida, se é fruto de desmatamento, trabalho escravo, crueldades variadas, se o cosmético que você usa foi testado em animais, seus novos móveis de fazer inveja a Revista Caras não tem procedência legal, se você não consegue viver sem seus casacos de pele, como afirma a involuída Jennifer Lopez...O Dia sem Compras deve ser um início. O início de uma longa reflexão interna que te faça entender a diferença do SER para o TER!
Inabalável diferença que separa os homens dos porcos (e que os porcos me desculpem a comparação!)
Assim você poderá mensurar o que é verdade do que é ilusão!
A palavra pode soar bonita, mas FARTURA é muito mais do que o suficiente, fartura gera desperdício e o desperdício não alimenta ninguém!
Mais feliz aquele que já aprendeu a viver mais leve nessa vida!
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