"Vivo da floresta, protejo ela de todo o jeito, por isso vivo com a bala na cabeça a qualquer hora, porque vou para cima, eu denuncio. Quando vejo uma árvore em cima do caminhão indo para uma serraria me dá uma dor. É como o cortejo fúnebre levando o ente mais querido que você tem, porque isso é vida para mim que vivo na floresta e para vocês também que vivem nos centros urbanos."

Zé Claudio, assassinado em maio de 2011.



segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Soldado do Lixo...

Talvez você não perceba ou nunca tenha se dado conta de que existe um exército que trabalha em silêncio.
Um exército onde não existem generais ou capitães; são todos soldados.
E como soldados não temem a batalha, as intempéries , nem reclamam; apenas batalham.
A sua ração é pouca, as condições de sobrevivência são extremamente precárias.
A esses soldados foi negada a patente e nesta guerra não são reconhecidos , foram renegados, pelo seu país; que nem os ver passar, exceto quando atrapalham o seu caminho.
Trabalham diariamente em troca de um punhado de comida e um farto gole de bebida.
A exemplo de outros soldados que foram para a frente de batalha, estão na sua grande maioria incapacitados, física e psicologicamente.
E mesmo doentes nunca saberão da alegria da baixa, de voltar ao lar, do encontro com os familiares, eles não têm entes queridos.
Sua única propriedade, o seu carro de combate, que também se transforma a noite, em guarida.
Esse excército sem pátria abastece um mercado que fatura milhões e sem saber beneficia àqueles que nem mesmo os enxergam.
Sçao atentos a tudo e todos!
Mesmo não nos fixando o olhar, eles nos percebem.
E aquilo que descartamos, o nosso lixo, apenas isto os conforta, pois é ali que ele encontra a força para mais um dia de batalha.

José Carlos O. Froes

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