"Vivo da floresta, protejo ela de todo o jeito, por isso vivo com a bala na cabeça a qualquer hora, porque vou para cima, eu denuncio. Quando vejo uma árvore em cima do caminhão indo para uma serraria me dá uma dor. É como o cortejo fúnebre levando o ente mais querido que você tem, porque isso é vida para mim que vivo na floresta e para vocês também que vivem nos centros urbanos."

Zé Claudio, assassinado em maio de 2011.



sexta-feira, 1 de abril de 2011

Jirau e o outro lado da moeda...

Não é novidade para ninguém os rumos que as construções do PAC estão tomando, principalmente em Jirau. O governo, associado tantas vezes as grandes mídias, quer nos forçar a acreditar que patifarias como estas são casos isolados e que empresas como a Odebrech e Camargo Corrêa são idôneas e sérias. 

Mas a realidade é sempre outra. Jirau está ai como uma prévia do que será Belo Monte. Mega obras, teoricamente benéficas para toda a grande nação brasileira, escondem sempre interesses privados e políticos, negócios de quem não quer largar o osso, independente do que precise fazer para sustentar ações criminosas. Eles podem mais. Têm mais dinheiro, influência, conhecimento, estão amparados por leis que não são cumpridas e que no papel não condenam ninguém. Amigos no congresso, ministérios, IBAMA e judiciário, amigos de causa, de valores turvos e sanguinários. Este é o futuro do país.

As mega obras incutem o sonho do crescimento e progresso vendido aos pobres e excluídos, que compram essa idéia, pois estão cegos e sem esperança. Desavisados, alienados, conformados e cúmplices abraçam o roteiro dos mega empresários e acreditam que construções megalomaníacas, mesmo que dizimem natureza e pessoas são a representação máxima de nossa evolução.

Todos querem TV de plasma, I-pods e celulares indescritíveis. Todos querem conforto e pertencer verdadeiramente ao capitalismo. Todos querem a mesma ilusão que governo e empresários vendem. E para isso que morra a natureza, que destruam o planeta. Doa a quem doer...

Obras como estaleiro da OSX, Fosfateira em Anitápolis, Belo Monte, todo o PAC, prometem crescimento. Mas com elas chegam somente mais escravidão social. E louvemos a democracia e a liberdade. Todos nós ainda somos reféns do capitalismo que favorece apenas alguns.

Operários em regimes sub-humanos de trabalho, natureza aniquilada, entorno devastado, miséria, mentiras...

Quando o progresso é demais...o santo desconfia. 

Subemprego não é progresso, destruir a natureza também não. Concentrar nossas riquezas nas mãos dos mesmos, não leva o país para frente, apenas propaga e perpetua as diferenças gigantescamente sociais.

Foto (de Leo Caldas) de barragem destruída no Nordeste 



"Eles herdarão os escombros da Babilônia..."
e nós também!

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